sexta-feira, abril 06, 2007

Batalha Pública

Este texto, escrevi-o há já uns aninhos... e retratava o ambiente diariamente vivido nos autocarros da Capital... Acontece que tive, nesta última semana, uma situação semelhante aqui nos transportes públicos e recordei-me deste texto.

Ora vejam lá se às vezes não é mesmo assim... quer dizer... andam todos de carro, ninguém se deve lembrar...


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Lá vem o transporte público,
Atrasado por tabela,
O que dá azo a críticas
Da mais lesta tagarela.
Entra ao murro e cacetada,
Dispara em toda a direcção,
O que importa é passar
Nem que seja ao empurrão.

A lutar com tal ganância
Por um assento sofrido,
Ela puxa, ela rasga,
E o assento é destruído
Mas para seu grande currículo
É assento conseguido.

Mas não se dá por contente...

Depois de luta sangrenta
Ainda critica meio mundo
Pelo mau estado onde se senta.

Lá vão os vizinhos ao lado
Com dores de ouvido e cabeça
Até que diz um já farto
-"Por favor não me aborreça..."-
E pronto está tudo estragado
Já está montada outra peça.

Ganha mais cores a reguila,
Levam-se as mãos aos ouvidos,
Mal abre a boca e refila
Já só se ouvem gemidos...
Abre os olhos, cerra a mão,
E com toda a convicção
Clama por "atenção,
Liberdade de expressão,
Tempo de emancipação,
Maneiras e educação".

No meio da oratória,
Pausa... e larga o assento...
O coração do povo acelera
Naquele preciso momento...
Ajeita o vestido e senta-se
Para geral desapontamento.

Lá continua o calvário
No purgatório andante,
Porque a mulher não se cala,
Tem um fôlego incessante.

Finalmente é chegada
A bendita da paragem...
Para não recomeçar confusões
Abre-se logo a passagem.
Param as respirações,
Suores e suspiros profundos…
Último degrau, fecha a porta,
Festa rija por segundos.

Passado o momento difícil
Retomam respirações,
Olham p'rá porta da frente,
Lá vem outra aos empurrões...!!!
Conformados então já pensam
Na fatídica próxima vez,
O povo é preocupado
Pois não há duas sem três.

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