quarta-feira, maio 30, 2007

Nada ou muita coisa.

Vazio.

Um post sem conteúdo.
Sobre coisa nenhuma.
Não é crime escrever sobre nada.

Vazio.

Foi necessário este processo e algumas coisas que me aconteceram nestes últimos meses. Também foi necessária a forma como se processaram e como se processam.

Vazio.

É assim que estou de momento.
Sinto que estou em maré baixa.
Algo feliz, algo angustiado... mas equilibrado.
Mas não se preocupem... este angustiado não é mau. Vem do facto de me estar a conhecer melhor... e ao mesmo tempo que tomo consciência do que sou, do que gosto e quero ser... descubro também o que sou e não gosto em mim (ideia em breve exposta num post de continuação da "história do autocarro"). E é o facto de ter a consciência dessa realidade das minhas imperfeições que me angustia... mas isso, faz parte do processo de conhecimento.

Vazio.

Agora é começar a encher outra vez com o que quero e, logo logo, estarei novamente em maré cheia como quase todos me conhecem ;).

domingo, maio 20, 2007

Ai as saudades...

Pois é.

- Tenho?
- Sim.
- Tenho vergonha de as ter?
- Não.
- Volto?
- Sim... e vou de volta outra vez.
- Por quanto tempo?
- Não sei.
- Mas não tenho saudades?
- Tenho.
- Então porque é que não volto?
- Porque não.... ainda não.
- Mas estou a fazer alguma coisa especial?
- Sim... viver... crescer...
- Mas com esta idade?
- Estamos sempre a crescer. Não importa a idade.
- Mas é preciso estar fora para viver e crescer?
- Eu não estou fora... estou apenas mais longe... e na verdade, acho que nunca, como agora, estive tão perto da minha família e dos meus amigos.

Há distâncias emocionais e de princípios, bem maiores e inultrapassáveis que os quilómetros ou as milhas.

A distância relacional permite que individualmente nos encontremos e que, depois de nos encontrarmos, possamos ir ao encontro dos outros.

"(...) na verdade, acho que nunca, como agora, estive tão perto da minha família e dos meus amigos."

domingo, maio 13, 2007

Brutal!!!!!!!!!

"Com certeza. É para menino ou menina?"

Isto de os pais tentaram encontrar soluções para lhes facilitar a vida e dar menos trabalho… é o contrário de tudo aquilo que sempre pensei nesse sonho que alimento que é ser um dia pai.

Em vez de procurarem viver a experiência devidamente, com entrega, e preocuparem-se em ser o mais pedagógico possível…. Optam pelas soluções que aparentemente dão menos trabalho para “aturar” os filhos.

Ainda se vêem atitudes menos más. Pais realmente preocupados…. Mas o que eu vi há uns dias atrás, deixou-me sem palavras. Lembrei-me agora… e é por isso que escrevo.

Uma mãe com o seu filho, que não deveria ter mais de três anos (digo eu que não percebo nada… não consigo perceber as idades a olho… nem sequer as medidas de arroz…) …. Uma mãe, uma criança e uma trela onde a criança ia presa.

A mãe lá estava toda contente a olhar para as montras, coisa pela qual deve ter saído de casa… e o filho… na trela, sem ninguém lhe dar atenção.

Pois eu ia do outro lado da rua e um pouco atrás quando vi… o miúdo apanhou coisas do chão e pôs na boca… agarrou numa planta e pôs na boca… e facilmente chegou à estrada pois o passeio era estreito. Por sorte não passavam carros.

Enfim… se não sabem ter filhos ou se não estão preparados, não os tenham… não os tragam ao mundo.

Qualquer dia ainda ouvimos dizer…

- "Ela morde?"
- "Não não... ainda não tem dentes..."

ou

- “Boa tarde… queria um açaime se faz favor.”
- “Com certeza minha senhora. É para menino ou menina?”

Cortina de Fumo

A mesma rapariga de sempre, na paragem. Mas desta vez parecia diferente. O penteado… era isso. O penteado estava diferente. Estava completamente penteado para o lado esquerdo da face de uma forma totalmente extravagante. De tal forma que todas as pessoas que estavam no autocarro, bem como os que passavam na rua, ficavam a olhar.

Vou-vos enquadrar… aquela rapariga viajava quase todos os dias no autocarro e acompanhada do seu namorado. E o tempo mostrava algo curioso. As primeiras vezes que os vi, muito apaixonados e alegres… numa felicidade contagiante… daquelas que por vezes quase chega a ser “enjoativa”. Aos poucos, fui os vendo mais sisudos, menos energéticos. Depois mais cabisbaixos e sem grandes conversas. Depois com discussões públicas. E a última vez que os tinha visto, estavam mesmo com cara de chateados e inclusive não se falavam de todo.

Quando me lembrei disto, logo considerei então que o penteado da rapariga fosse um “grito do Ipiranga”, uma libertação, uma excentricidade à qual se teria entregado para mudar de visual, muitas vezes ritual necessário para assumir psicologicamente uma mudança na vida. Contente com a minha conclusão sobre a rapariga, desviei o olhar da sua figura no sentido da minha direita… e quando o fiz… encontrei o ex-namorado a cerca de 10 metros da rapariga. Com cara infeliz, olhava-a de esguelha, pelo canto do olho. Entendi então finalmente, que o penteado tinha sido apenas obra do momento. Uma espontaneidade impulsiva para que se pudesse esconder do seu, visivelmente, ainda apaixonado.
Sabendo que muitas das pessoas não teriam compreendido a sua intenção e o penteado extravagante, senti-me naquele momento especial, como um amigo que a compreende… mesmo sem a conhecer.

Catch the Sun...

Every day it comes to this
Catch the things you might have missed
You say, get back to yesterday
I ain't ever going back
Back to the place that I can't stand
But I miss the way you lie
I'm always misunderstood
Pulled apart and ripped in two
But I miss the way you lie

Catch the sun, before it's gone
Here it comes, up in smoke and gone
Catch the sun, it never comes
Cry in the sand, lost in the fire

I never really understood
Why I didn't feel so good
But I miss the way you lie
I've always been up and down
Never wanted to hit the ground
But I miss the way you lie

Catch the sun, before it's gone
Here it comes, up in smoke and gone
Catch the sun, it never comes
Cry in the sand, lost in the fire

by, Jamie Cullum

terça-feira, maio 08, 2007

Gosto de vocês!

De que serve uma família, sem amizade?
De que serve um amigo, sem amizade?
De que serve um amor, sem amizade?

E volto a insistir. Cuidamos pouco dos nossos amigos. É tão simples mostrar-lhes que gostamos, que cuidamos.

Um simples "Gosto de ti, amigo!" pode fazer toda a diferença.

Pais, irmãos(ãs), namorados(as), colegas, amigos(as)... Invariavelmente a reacção é de surpresa... por vezes até desconforto.
Chega até a originar mal-entendidos.

"Gostas de mim?!?... mau... o que queres dizer com isso? Estás com algum problema? Precisas de dinheiro? Fizeste alguma asneira? Estás-te a fazer a mim?!..."

Mas não... tão somente uma expressão de amizade e de bem querer a alguém... com quem nos identificamos, partilhamos, nos preocupamos e a quem cuidamos.

quinta-feira, maio 03, 2007

Felizes aqueles que saboreiam

De que serve a vida se não tivermos a plena consciência do que aproveitamos... algumas pessoas dizem-me... "pensas demais...". Não sei se será o caso.

Acho que podemos viver a vida sem a tentar compreender... mas é a mesma coisa que ter uma namorada, companheira, mulher... e não a tentar compreender... se assim for, haverá sempre atitudes e reacções que "não fazem sentido", que não compreendemos e, inevitavelmente, a relação acaba... ou mantém-se tendo, as pessoas envolvidas, que ceder na sua maneira de ser, na sua personalidade, na sua veracidade... deixando de ser elas próprias... para si, para a sua família, para os seus amigos... e muitas vezes sem se aperceberem.

"Felizes aqueles" que compreendem o outro... comprendem, i.e. ... aceitam-no...

Assim é com a vida! Felizes aqueles que a aceitam. Felizes os que, mesmo inconscientemente, saboreiam as horas que passam a olhar o mar, saboreiam uma vitória profissional, saboreiam uma mesa composta com bons enchidos e bom vinho, ou outras iguarias apreciadas... enfim... felizes os que saboreiam. Os momentos. Os lugares. As coisas. As pessoas.

Preia-Mar

É que os meus sonhos
Andam por um fio
E já nem sei
Se devo arriscar.

Vesti-los de seda
Ou de linho.
Deixá-los livres
Na preia-mar.

Soltar as amarras
No aconchego do ninho.
Beber a chuva, o rio e o mar


por Fidélia Cassandra